O IMPACTO DA ESCLEROTERAPIA COM ESPUMA NO SUS

O tratamento das varizes de membros inferiores com espuma contribuição para o controle da doença, da sua progressão e da prevenção da úlcera venosa.

Contexto Atual

A doença venosa crônica acomete significativa parcela da população brasileira e mundial. De evolução gradual, muitas vezes pode ser debilitante, comprometendo a qualidade de vida e capacidade de trabalho das pessoas. Estima-se que no Brasil, 50,9% das mulheres e 37,9% dos homens possuem varizes. Destes pacientes, 6% em algum momento de suas vidas terão úlceras venosas.
Com o seu agravamento, recebe a denominação de insuficiência venosa crônica, sendo a principal causa de úlcera de membros inferiores. O prognóstico dos portadores de úlcera venosa é ruim, tanto pela cicatrização demorada, quanto pela recorrência.

Contextualizando o problema

As varizes são veias dilatadas, tortuosas e alongadas. Podem apresentar perda da função valvar e consequente aumento da pressão venosa, fator fundamental para o desenvolvimento da úlcera.
Apesar do tratamento cirúrgico do refluxo superficial aumentar as taxas de cicatrização e diminuir a de recorrência de UV, sua execução, muitas vezes não é possível, nas fases iniciais da doença.
Pacientes idosos e portadores da doença venosa podem ter um risco cirúrgico alto, tornando o tratamento cirúrgico proibitivo.
A elevada taxa de pacientes que precisam do tratamento de varizes associada a falta de capacidade do SUS de atender a demanda geram filas extensas, atrasando o tratamento e agravando o quadro.

A solução

A escleroterapia com espuma é um interessante recurso no tratamento da doença venosa crônica Minimamente invasiva; com poucas complicações, de baixo custo, e exequível em ambiente ambulatorial.
Versátil, pode ser aplicada a vários calibres venosos. Consiste na injeção intravascular da veia doente, de substância chamada esclerosante, na sua forma de espuma, gerando lesão significativa da parede.
O cordão fibroso gerado pela escleroterapia equivale funcionalmente a remoção cirúrgica de veias varicosas.
O método é simples, de baixo custo, facilmente reprodutível, podendo ser realizado em escala no SUS.

O projeto

Em 2022, fui convidado a integrar projeto que consistia em uma clínica vascular focada no tratamento escleroterápico de varizes no município de Saquarema – RJ. Composto de uma equipe com cirurgiões vasculares, angiologistas e Doppler dedicados ao tratamento e seguimento.
O projeto aborda a doença venosa em todas as fases. Nosso objetivo era atender a demanda reprimida do município com muitos pacientes em fases avançadas.
Porém focamos também no tratamento nas fases iniciais, evitando a evolução para fases debilitantes da doença, onde o manejo dos pacientes é caro e difícil. Interromper a hipertensão venosa crônica nas fases iniciais é a base para o controle da doença, evitando assim, suas complicações como a úlcera venosa.
Os benefícios sociais e econômicos foram significativos. Evitar e tratar as complicações da doença melhoraram a qualidade de vida, diminuíram a perda de horas de trabalho e reduziram os custos do tratamento do doente portador de doença venosa crônica.
A escleroterapia com espuma se mostrou um tratamento de baixo custo, eficaz, tecnicamente simples, e de fácil reprodutibilidade.
Por ser uma doença com elevado custo de tratamento em fases avançadas, este projeto que visou também o tratamento precoce se mostrou eficiente e tornou o manejo dos pacientes mais baratos, retirando sobrecarga significativa do SUS.
Apesar de buscarmos a funcionalidade, diariamente recebemos diversos relatos de pacientes que estão se sentindo mais belas, confiantes e que tiveram sua autoestima renovadas.
Seu sucesso e impacto social repercutiu na região, ocasionando novos projetos em outras cidades da Região dos Lagos no Rio de Janeiro.

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